O velho casarão dos Leites,
aquele que abrigou outrora a marquesa de Sorocaba e por muitas vezes foi o
local dos encontros espúrios de Pedro I com a marquesa de Santos – fofocas de
época.
É muito bom saber que o velho
casarão com dezenas de cômodos que chegou a fabricar, vejam só, até cerveja.
Enfim teve um fim. Em julho passado estive no bairro dos Leites para conhecer a
futura escola municipal. Vejam só o poder público esteve ali recentemente e não
viu o último soprar da história do casarão. Em fim pôs-se fim. O último
rescaldo de uma parte da última parede veio literalmente abaixo. Em fim pôs-se
fim. Um dos mais importantes símbolos
arquitetônicos de nosso município deixou de existir. Agora, vejam só. Só em
fotos. Em memórias. Em fim pôs-se fim.
Mas o grande criminoso desse
patrimônio histórico não foi o Iphan, Condephaat ou as autoridades locais. O
grande meliante do patrimônio histórico fui eu. Cometi um crime hediondo.
Entrei na propriedade onde se localizava o casarão e subtrai um pedaço da taipa
de pilão da última parede do casarão. Está comigo esse pedaço da história. Mas
prometo me redimir desse crime, doando esse singelo pedaço da história de
Piedade ao Museu Histórico Piedadense ou ao Centro de Memória Vicente Garcia,
mas antes devo entregá-lo ao Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico
de Piedade, este sim sempre atuante em nosso município.
É uma pena que o casarão dos Leites
teve um fim tão melancólico, vítima de um criminoso que roubou parte da
história da cidade e agora quer se redimir. Desculpe-me pelo crime. Foi ato
cleptomaníaco. Mas, enfim pôs-se fim.
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Último pedaço da taipa de pilão do casarão dos Leites Foto: julho - 2011 |