Sempre, desde a infância gostei
muito de trem, lembro-me certa vez em viagem ao Paraná encantei-me com a
passagem de um, de lá pra cá, curto muito descolar-me e viajar sobre trilhos,
sonhei algumas vezes que havia uma linha de trem na marginal do ribeirão dos
Cotianos o qual avistava da minha casa.
O transporte sobre trilhos é
inegavelmente uma das mais interessantes e efetivas formas de transporte
público do planeta, cito, por exemplo, a experiência do metrô do Cariri no
Ceará, o sistema total possui 9 estações e uma linha
de 13,6 km de extensão e atende àquela região metropolitana da região.
Não há necessidade argumentativa
em defender o transporte sobre trilhos, penso que a interligação do transporte
público e também de mercadorias entre Piedade – Votorantim – Sorocaba e demais
cidades da futura e almejada região metropolitana de Sorocaba deva ser feita
sobre trilhos, pois, vale lembrar, que o transporte público entre nossa cidade
e a Terra Rasgada sendo muito educado, é bem ruim.
Hoje da minha janela avisto um
trem que passa sobre os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana (a mesmo que vai
até Votorantim), sucateada como a maioria, passa apenas com minério. Quando
percebo sua chegada, corro para vê-lo. A plasticidade do trem cortando os morros
é uma das paisagens mais bonitas que já vi. Mas toda vez que o vejo, lembro historicamente
da opção do Brasil pelo transporte rodoviário, do processo de sucateamento
chegando até a privatização da malha ferroviária. Mas, lembro mesmo é do
sonho...
Peço licença a Alberto Caieiro (pseudônimo de Fernando Pessoa) para
justificar uma saudade daquilo que nunca tivemos:
O Trem que avisto hoje pela minha
janela é mais belo do que o trem que passa pela marginal do ribeirão dos
Cotianos,
Mas o Trem que avisto hoje não é mais
belo que o trem que passa pela marginal do ribeirão dos Cotianos
Porque o Trem que avisto hoje não é o
trem que passa pela marginal do ribeirão dos Cotianos.
Se há uma luz no fim do túnel para minimizar as
mazelas do transporte público do Brasil, especialmente de Piedade, que essa luz
seja o trem.
1. O Guardador de Rebanhos
ResponderExcluirXX
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.